O deserto não deixa pegadas. Pode até se passar por invisível, mas nem por isso sua presença deixa de ser sentida. O deserto não deixa rastros, mas, ao mesmo tempo, parece nunca nos deixar. Mesmo invisível, está sempre ao nosso lado. Ou melhor, está em nós. De uma maneira ou de outra, quer queiramos ou não, o deserto nos habita em caráter derradeiro.
Diferente seria se ele – o deserto – se apresentasse como um visitante que, indesejável ou cobiçado, por nós passasse e partisse para habitar outros nós ou outros outros. Este deserto permanente não se apressa e em nós permanece, permanece e se alonga; ele está em toda a parte e em todos nós..
Luis Sergio de Oliveira